Tínhamos 18 ou 19 anos, por aí. Era carnaval. A gente gostava dos bailes que aconteciam no clube da Vila, em Itajaí. Aqueles tipo "máquina de lavar", em que as pessoas ficavam girando pelo salão.
Para nós, carnaval bom tinha de ter esquenta na casa do Velho, com churrasco e cerveja, e muito loló. Carnaval sem loló não tinha graça nenhuma. Só que não era nada fácil conseguir. Então, um dia decidimos resolver o problema: fabricaríamos nosso próprio "lança perfume".
Ingredientes à mão, arduamente conseguidos, transformamos a garagem da minha mãe em laboratório. Misturamos tudo sem muita certeza, colocamos uma essenciazinha pra ficar cheiroso e pronto. Só faltava experimentar e saber se funcionava.
Não sei de quem foi a brilhante ideia de cheiramos no carro. O Renato estava com o Chevette azul do pai, todo limpinho e arrumadinho. Eu no banco de trás fiquei olhando sem dizer uma palavra enquanto via ele subir uma calçada e bater o carro do Seu Dui. Funcionava!!!!!
Nos dias que se seguiram, um ressabiado Renato passou por tudo quanto foi tipo de exame neurológico, na vã tentativa de seus pais de descobrirem a causa daquele colapso.
E até hoje Dona Maria agradece que o filho nunca mais teve nada daquilo.
Zé Mauro Nogueira
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
Fé demais!
Que fique claro, não sou ateu! Nem crente! Tenho problema
com dogmas e sincretismos, é verdade, mas não duvido nadinha que haja uma força
superior, além da minha compreensão. Quem sou eu para afirmar qualquer coisa?
E para falar a verdade, chego a invejar quem tem total convicção. Acho que ajuda a viver, a encarar as vicissitudes da vida. Eu mesmo tenho minha fé, embora bem particular. Mas não
posso deixar de estranhar algumas relações que são mantidas com o Supremo.
Uma que me chama bastante a atenção é a noção de Deus
concessionária de veículos. Não se anda dois quarteirões sem pararmos atrás de um carro alardeando: “Foi
Deus que me deu”! Incrível como Deus se preocupa com nossos meios de
transporte. Só não ostenta. Quase sempre dá um carrinho mais simples, nossos carros populares, mesmo, acho que para não atrair assalto;
são tempos difíceis. Não me lembro de ter visto um Mercedes ou BMW dados por Deus nas ruas.
E quando ele próprio serve de motorista? Quase todo dia topo
com um: “Guiado por Deus”. Aí prefiro não andar muito colado, vai saber como
era o trânsito há 2000 anos atrás ... Hoje é uma selva, cada um por si, só Deus
mesmo para ser por todos.
Mas o que nunca entendi mesmo é a surpreendente “Deus é fiel”!
Confesso que contraria completamente a noção que tenho da coisa toda. Sempre
achei que nós, humanos, deveríamos ser os fiéis. O Todo Poderoso era o centro
de tudo e nós fiéis a ele, às suas palavras e ensinamentos. Daí minha surpresa
com essa onda de Ele ser o fiel. Mas fiel a quem? Ao motorista do carro que colocou
a frase? Deus é que é fiel a ele? Não seria o contrário?
Não entendo. Mas em tempos de egocentrismo, redes sociais e
o escambau, não é de estranhar que agora é Deus que tem de ser fiel a nós.
Talvez até um Deus para cada um, assim como é o telefone, a TV e tudo o mais,
ou um Deus coaching, Deus personal, Deus Líder Servidor ... Eita pós
modernidade cheia de novidade!!!!
Acho que de tão agitada e diferente esta nossa época, Ele teve de vir ver com os próprios olhos. Só que, talvez por ser imortal e
não temer bandido, não economizou no próprio automóvel e anda chamando a
atenção. Ainda há pouco o vi. Parei o carro no sinal e tive de ler duas vezes
para ter certeza. Uma Land Rover novinha informava: “Aqui é Deus”!!!
Deus me perdoe!
Zé Mauro Nogueira
domingo, 30 de julho de 2017
Filho de peixe?
A gente estava comendo num boteco, um
típico PF: bife acebolado, arroz, feijão e batata frita. Tudo ia bem, até que
chega um sujeito grosso, liga seu som para todo mundo ouvir e começa a escarrar
no chão.
Daqui a pouco meu filho me sai com
essa...
- Pai, todo boteco é igual. Tem sempre
mesa de plástico da Skol, TV com jogo de futebol chato, música ruim e algum
cara mal-educado.
Não consegui conter o riso, parte pela
minha porção narcísica de ver ali um pedaço de mim mesmo, mas parte por
percebê-lo um bom observador do cotidiano.
Pedi que exercitasse isso na escrita. Um
pouco raivoso, mas é o começo para seus 12 anos. Abaixo.
O boteco
Um
bar ou chamado boteco é um lugar onde pessoas vão para beber e para ver jogos
de futebol.
Nesses
lugares tem peculiaridades comuns entre todos eles que são: os velhos
gordos que ficam sentados nas mesas de plástico da Skol, alguma pessoa que bota
música alta e ruim, o típico idiota que cospe no chão e por último o imbecil
que trata mal o garçom.
Mas
nem tudo é ruim no boteco, tem alguns com comida boa.
Pedro
Nogueira
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