Resolvo dar uma passada pelas notícias de um grande portal e
ao final de 10 minutos fecho o laptop e fico olhando o céu perder a cor. A
tarde de sábado vai chegando ao fim e eu me aconchego no balanço da rede.
Fiquei muitos minutos em silêncio, apenas respirando,
tentando esvaziar a cabeça, não pensar em nada, apenas desejando ter a
sabedoria e a técnica budista de alcançar o estado de paz pela meditação. Ler
as matérias de um grande portal e, mais ainda, os comentários das pessoas, me
causou uma profunda sensação de desalento, de desconexão.
Só depois de escutar música boa e ler um pouco de Mário Quintana voltei a ter alguma
esperança. No homem e na minha capacidade de me manter conectado a este mundo.
A coragem de ser seletivo e a força para manter-se autêntico são a chave da
sobrevivência nestes tempos de supremacia da pasteurizada idiotice
exibicionista.
Falta de água, corrupção, violência e estupidez no futebol,
carestia de combustível, mulheres mostrando a bunda por um minuto de fama, nada
disso é novo, a despeito do que pensam os que não pensam. Lixo, de fato, mas
sempre reciclado e vendido como a última novidade, de acordo com o interesse de
um “pensamento” conservador, covarde, mesquinho e tacanho.
Não vejo a menor novidade na “jornalista” Silvia Pilz e seus
textos preconceituosos (e ainda por cima ruins). Imbecis estão por
todas as esquinas e sempre tiveram mais ou menos notoriedade. Não vejo também nenhuma
novidade nessas “descobertas” de corrupção, sobretudo neste país, corrupto até
a alma, desde a fila do cinema até o desconto sem nota fiscal. O que muda é o interesse
e a liberdade de noticiar, coisa que essa “inteligência” toda não é capaz de
perceber. Enfim, mais do mesmo (e pensar que um dia acreditamos em uma
alternativa diferente....).
Talvez o que seja novo, embora não me surpreenda, é o
orgulho em ser another brick in the wall.
Como as pessoas adoram exibir seu “pensamento” obtido nas headlines dos maiores portais ou lidos nos perfis dos “formadores
de opinião”. Porque opinião é tudo hoje. Porque imagem é tudo. Porque popularidade
é tudo em tempos de redes sociais.
Eu, do meu lado, preciso aprender a ser louco, maluco total,
como disse o Raulzito. Só na poesia, na música e nas artes reconheço o humano
que ainda me atrai.
Zé Mauro Nogueira